quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Salvador; Turismo Escravista






"Salvador;
há de ser
salva"

O domínio português escravizava negros, nativos e cidadãos pobres as margens da capital brasileira, muitas pessoas perderam sua moradia para receber a nobre família Real portuguesa, anos se passaram, ouvimos falar que o Brasil foi um dos últimos países da América do Sul a abolir a escravidão, bom, escravidão esta que chamo de "escravidão direta". Hoje passeio por Salvador, lugar cheio de ostentações, de arquiteturas levantadas pelo suor escravo, ponto histórico para dizermos; - estive em Salvador e lá é um lugar maravilhoso! Sei, isto é o mais comum de se ouvir por ai, mas então vá conferir você mesmo!
Coronéis, capitalistas e famílias burguesas continuam a escravizar negros, nativos e cidadõs pobres as margens da capital baiana e tudo é perfeitamente artístico, cultural e normal, tudo é vendível, tudo é um quadro artístico imutável para turistas verem e não intervirem. A baiana do acarajé, o vendedor da barraca, a mulata, o camelô, o catador de latas, o pescador, o capoeira, o engraxate, o menino de rua, o cheirador de cola, o mendigo, o assalariado, o desempregado, o oportunista, estão todos lá como personagens de cartão postal, se desdobrando, fazendo pose para turista ver, completando o cenário milionário do turismo. E tudo é muito bonito de se vê, tudo muito caro de se comprar, parece que o governo são as agências, pois ali tenho certeza que governo não há. Então vamos chamar isto de "Turismo Escravista", ou "Escravidão Indireta".
É muito nojento você visitar uma capital deste porte, e as praças federem a lixo, urina, inhaca, as crianças cheirarem cola, os bêbados dormirem no chão, os mendigos enrolados sujos em papelão, pessoas lhe pedindo moedas a cada segundo, gente esperando você comer para catar o resto, esperando você pagar para pedir um trocado, sem contar que a qualquer momento você pode ser roubado, ou violentado. Enquanto isso, muitos dançam felizes em cima de contrastes, e você pode ter a leve impressão de ser menos favorecido e pode presenciar polícias dando atenção especial para turistas e gringos. Todos superfaturando seus produtos à custa do poder de compra do Real rico, do Dólar e do Euro, é óbvio, ninguém é capitalista de primeira viagem, mas ninguém pode ser tão hipócrita de se conformar com uma putaria desta, porque hoje você só falta pagar imposto para cagar e se você se recusa a pagar, você se torna indigente!
Oh, me desculpem os termos, será que é desnecessária esta indignação? O Brasil teve uma colonização escravista/extrativista, então não há meio para mudar este traço peculiar da nossa sociedade. Será sempre assim desigual e eu serei também sempre assim, desigual, chutando o pau da barraca e armando o escambau para cima de político “fdp” oportunista. Estarei sempre esperando a grande onda das favelas medirem forças e invadirem este quadro político-social safado, pintado com desprezo.

"O que incomoda é definir o cafofo que vivemos de "república" e ter que viver entre a miséria e a soberba apaziguando ambos lados".

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